terça-feira, 16 de maio de 2017

Porque Preservar o Patrimônio Histórico

Demolição do antigo Centro Cultural Francês-Plateau / Foto:Nuno Lobo Linhares

O património Arquitetónico representa uma produção simbólica e material, repleta de diferentes valores e capaz de expressar as experiências sociais da nossa sociedade. Mas com o crescimento rápido e desordenado das nossas cidades, está a acontecer uma progressiva perda e descaracterização do Património Histórico, o que nos faz parar para pensar acerca da constante necessidade de transformação dos espaços urbanos, paralelo à qualidade ambiental e preservação do património construído. Nossa cidade não se resume em ser apenas dormitório para seus habitantes, ou o espaço no qual ganhamos o pão de cada dia. Aqui vivem seres humanos que possuem memória própria e são parte de uma história. Por isso, não passa despercebido a ninguém essa destruição da casa de seus antepassados, de antigos cinemas, bares, teatros e outros edifícios históricos. Toda essa destruição para dar lugar ao automóvel ou a edifícios gigantes de ferro e cimento que deixarão nossas cidades mais poluídas, sem emoção e os seus habitantes com menos identidade e identificação com o o local onde vivem. Quando essa moda de modernismo passar (assim como já passou em muitas cidades mais desenvolvidas) o homem sempre se volta para a busca do passado, de suas memórias. Uma espécie de saudade da época em que as nossas cidades eram mais humanas, em que o homem tinha mais tempo para sentar numa praça e sonhar acordado com o seu futuro. E é exatamente nesse momento em que começamos a tentar voltar para trás, para o passado em que tínhamos cidades mais humanas, é que nos depararemos com a triste realidade de que já está tudo destruído e nada mais podemos fazer...
E aí já não poderemos salvar nada, meu amigo, pois já teremos demolido o último sobrado, estilhaçado a última janela, desmoronado a ultima parede de tijolos e despedaçado completamente o nosso sonho de manter um património histórico do qual valia a pena termos uma memória viva.

Assim, a memória coletiva da nossa cidade está nos seus velhos edifícios. Eles são o testemunho mudo, porém valioso, de um passado distante. Servem para transmitir às gerações futuras os episódios históricos que neles tiveram lugar e também como referência urbana e arquitetónica para o nosso momento atual. Preservá-los não serve só para os turistas tirarem fotos ou para mostrarmos aos nossos filhos e netos, mas para que as gerações vindouras possam sentir a visão de uma cidade humana e como se vive nela.
Como disse o historiador Leandro Silva Telles Uma cidade sem seus velhos edifícios é como um homem sem memória