segunda-feira, 6 de julho de 2009

“Um povo sem memória do passado é um povo sem futuro.”

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“A arquitectura tradicional desempenha um papel importantíssimo na salvaguarda da história e da identidade de um país.
É através da valorização regional, fruto da memória colectiva de cada comunidade, que se forma e identifica o património edificado nacional.”


A riqueza arquitectónica de certas edificações contam silenciosamente o trajecto e a história da população local; dando forma a um retrato, antigo e nunca devidamente apreciado, das raízes seculares deste país.
É assim que vejo certos sítios do nosso país, recantos únicos, onde se podem apreciar cenas e paisagens cada vez mais raras neste nosso mundo cada dia mais globalizado. Por enquanto.

Temos observado, cada vez com mais frequência, o modo como as edificações antigas têm aberto espaço aos prédios mais `modernosos´ do país.

É importante assinalar que trata-se de uma transformação gradual do tecido urbano, por isso pouco perceptível; só se tornando evidente após um afastamento por um relativo período de tempo, após o qual temos a oportunidade de confrontar a perspectiva actual com a marcada em nossas memórias.
Isto equivale a dizer que infelizmente, só nos daremos conta do tamanho do prejuízo, quando o facto estiver totalmente consumado.

Trata-se de uma tendência a nível nacional, devido à falta de elementos que garantam a preservação e manutenção do património edificado.
Assim, assistimos à descaracterização progressiva de certos sítios, cujo património edificado considero merecedor de protecção, seja ela parcial ou integral.

A imagem acima mostra um trecho da Vila de Ribeira Brava, em São Nicolau e reflecte a presente tendência verticalizadora, onde edificações antigas cedem lugar a novas construções, sem qualquer critério ou planeamento.
Aquando da remodelação da edificação pintada de verde, alguns anos atrás, foi-lhe exigida a manutenção da fachada original, o que infelizmente não se faz sentir nos dias actuais, se atentarmos para a tipologia das novas construções que surgem.
As novas edificações, além de não se enquadrarem na tipologia característica do sítio onde se inserem, também adulteram-na, através da introdução de elementos conflitantes / desconcordantes.
Um verdadeiro atentado contra esta vila que deveria ter sido há muito considerada património nacional, devido à sua carga histórica, cultural e arquitectónica.
Pelo menos as zonas de `Ladeira´, `Estância Baixo´ e `S.João´ deveriam ser alvo de algum tipo de protecção, considerado o seu preponderante papel nas origens desta povoação.

Assistimos assim, estáticos, à queda destas memórias em formas de edifícios.
Sem nem imaginar que, quando nos distanciamos deste nosso património arquitectónico edificado, descaracterizando-o, negamos nossa própria história, negamos o trajecto que nosso povo percorreu desde a origem até os dias actuais.
Negamos, pura e simplesmente, o que fomos, o que somos e o que poderíamos vir a ser.










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