sexta-feira, 13 de novembro de 2009

$$$$$$$ CABO VERDE FOR SALE $$$$$$$

Vem sendo práctica corrente no nosso país a venda de terrenos municipais objectivando meios financeiros para consolidar os planos (políticos) de actividades ambicionados.
Ora, se essas vendas são um meio para alcançar objectivos estratégicos, está claro o quão valioso esse recurso é para quem dele faz uso.

Mas se observarmos atentamente, notaremos que os terrenos deste nosso país não são meros instrumentos através dos quais se podem conseguir fundos...mas sim, nossa grande herança.

Uma herança valiosa, conseguida através de grande esforço, por meio de vitórias suadas, pra não dizer sangradas.

Sempre defendi que os terrenos nacionais, quando assim se entender necessário, sejam concedidos para exploração de terceiros, mas que continuem sendo propriedade do estado deste país.
Concedidos para exploração de projectos hoteleiros/imobiliários etc, por um determinado período de tempo, findo o qual, teriam seus contractos terminados ou prorrogados, de acordo com as circunstâncias, planos de ordenamento e desenvolvimento nacionais.
Além disso, somente a superfície do terreno seria concedida, excluindo-se o subsolo.

Porque não precisa ser adivinho pra prenunciar que, em tempos não muito longínquos, a maioria dos terrenos nacionais serão propriedade de estrangeiros.

Sendo um terreno vendido uma vez, não se tem mais direitos sobre ele. E sem continuidade, não haverá futuro.

Mas a situação piora quando se descortina o esquema de revenda que esses terrenos alimentam no estrangeiro.
Isso acontece em grandes proporções nas ilhas consideradas turísticas, mais concretamente Sal e Boavista, mas ultimamente tem vindo a propagar-se pelas menos visadas (vejam um exemplo em São Nicolau http://www.capeverdeproperty.co.uk/Land--Sao-Nicolau-88.asp)
Um John Doe compra um terreno por cerca de 1000$/m² nas Câmaras Municipais e revende-o na Europa pela exorbitância de 2.640$00/m². Quase 300% de lucro.
Nada mais do que a verdade, nua e crua.

E depois dizem que cuidamos muito bem do que é nosso...

P.S. - Além do mais, alguém terá que pensar nas nossas gerações futuras, num panorama onde os estrangeiros serão donos de grande parte dos nossos terrenos e da grande maioria da nossa orla marítima.
Isso equivale a dizer que, se algum nativo quiser frequentar a orla, lhe restará duas alternativas: hospedar-se nos seus hotéis ou trabalhar como seu empregado. Está na hora de acordarmos...antes que seja tarde demais.

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