terça-feira, 10 de agosto de 2010

Planeamento urbano e urbanismo

*Faça clique na foto para ampliá-la* Reconstrução digital da Roma antiga
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Uma definição precisa do que seja o planeamento urbano necessáriamente passa pelo trabalho de localizá-lo, enquanto disciplina, em relação ao urbanismo. Tanto o planeamento urbano quanto o urbanismo são entendidos como o estudo do fenómeno urbano em sua dimensão espacial, mas diferem notadamente no tocante às formas de actuação no espaço urbano. Desta maneira, o urbanismo trabalha (históricamente) com o desenho urbano e o projecto das cidades, em termos genéricos, sem necessáriamente considerar a cidade como agente dentro de um processo social conflitivo, enquanto que o planeamento urbano, antes de agir directamente no ordenamento físico das cidades, trabalha com os processos que a constroem (ainda que indirectamente, sempre actue no desenho das cidades). Favelas são um exemplo de falta de planejamento urbano.
O planeamento urbano é uma actividade, por excelência, multidisciplinar, enquanto que o Urbanismo, ao longo da história, se caracterizou como disciplina autónoma (especialmente do ponto de vista profissional). Porém, os limites entre o planeamento e o urbanismo são pouco claros na prática: atividades típicas do planeamento (como a criação de um plano director), são eventualmente tratadas como "obras de urbanismo".

A questão da definição clara e distinta das duas disciplinas complica-se de facto quando se procura a sua história: é um consenso, no meio académico, que o Urbanismo seja tratado apenas como disciplina autónoma a partir do século XIX e que o planeamento urbano surja como matéria de interesse acadêmico apenas no século XX, mas também é facto que as cidades são planeadas e desenhadas desde o início da civilização. Desta maneira, a história das cidades (ou da urbanização, para ser mais preciso), ocorre paralelamente com a história do homem em sociedade, embora o estudo da intervenção do homem na cidade seja mais recente. A partir do momento em que se considera que o planeamento urbano lida básicamente com o conjunto de normas que regem o uso do espaço urbano (assim como sua produção e apropriação), sua história seria bastante diversa daquela referente ao desenho das cidades.

Os muçulmanos são muitas vezes creditados com a criação do zoneamento, criando zonas específicas para estabelecimentos comerciais, residências, culto religioso, etc.
Muitas cidades das civilizações pré-colombianas também construíram suas cidades, considerando um planeamento urbano incluindo sistemas de esgoto e de água corrente.
Os antigos romanos utilizaram um padrão consolidado de planeamento urbano, voltado para defesa militar e conveniência civil. O plano básico é uma praça quadrada central com serviços urbanos, cercados por uma grade compacta de ruas, tudo cercado por um muro para defesa. Para reduzir o tempo necessário para locomoção, duas ruas em diagonal cruzam pela praça quadrada. Um rio geralmente corre dentro da cidade, para obtenção de água potável e transporte, e despejo de esgoto, até mesmo durante cercos. Muitas cidades européias ainda conservam a essência destes plano, como Turim.
Habitantes de cidades da antiguidade criaram certas áreas destinadas para encontros, recreação, comércio e culto religioso. Muitas destas cidades possuíam muralhas em volta, cujo objetivo era impedir (ou, ao menos, de dificultar) o acesso de possíveis inimigos à cidade.
(Continua...)