quinta-feira, 20 de maio de 2010

EVOLUIR, porque não?

O planeamento urbano em Cabo Verde é um tema que não tem tido e nem irá ter a atenção merecida nas próximas luas.
Falo aqui de planeamento urbano na sua real dimensão: de planear a cidade como um todo, de forma abrangente e consequente, onde cada detalhe, por menor (pormenor) que seja, possua importância vital para o funcionamento geral.

Todos os elementos de uma cidade merecem atenção, de acordo com a importância do seu papel na hierarquia do planeamento urbano.
Tratado com a complexidade que merece, a cidade deve ser entendida como um tecido vivo, onde intervenções num dado local podem produzir efeitos concretos tanto no próximo cruzamento como no bairro seguinte.

E qual será a importância do sector do transporte dentro dessa hierarquia do planeamento urbano? Em uma só palavra – Fundamental.

Este tema surge na sequência de minha constatação do visível aumento no fluxo de trânsito nas ruas da capital do país.
O problema que se põe é: quando o fluxo de viaturas nas ruas da Praia for tão intenso, (o que não demorará muito para acontecer, tendo em conta o crescimento exponencial na venda de veículos) a ponto de ser impossível circular pela cidade nos horários de ponta, nem mesmo através de transporte público (por não existirem vias alternativas, tampouco transportes alternativos), terão que existir derivações simultâneas que passem num mesmo local, mas em níveis distintos e com destinos diferenciados: os chamados elevados, ou rodovias elevadas.
Os técnicos responsáveis por recomendar este tipo de infra-estruturas fazem estudos de fluxos, intensidade de tráfego, etc, e chegam à conclusão de quantas derivações (e de que nível) serão necessárias para que todos cheguem no seu destino sem maiores retenções.
Falo aqui de criar soluções urbanísticas para o futuro, que sejam fruto de um trabalho de equipa que englobe além dos Urbanistas, Arquitectos, Engenheiros de estradas, tráfego, etc. Pensar e projectar infra-estruturas urbanas que tenham em conta, não só o estado actual da cidade, mas principalmente, a previsão do crescimento da urbe.
As famosas fases do trabalho científico, encaradas na vida real: estudar, analisar, concluir e agir.
Tendo constatado um problema presente e que tende a agravar-se gradualmente, é chegada a hora de se passar para a acção, pois para a capital do país, já passou da hora de se intervir. Os elevados já deviam ter sido projectados, devendo estar na sua fase de execução; tendo em conta que algumas rotundas da cidade da Praia, são o exemplo vivo dessa necessidade. A da Terra Branca não deixa dúvidas relativamente a esse assunto.

Tendo em conta que um problema não resolvido num determinado ponto da cidade pode repercutir em locais distantes, corre-se o risco de colapsar todo o sistema viário num horizonte temporal não muito longínquo.

Não podemos só começar a pensar no futuro quando ele acontece, ou melhor, aconteceu. Isso é passado, e não futuro.
Prever antes que se faça necessário. Na minha concepção não é impossível, tampouco magia ou premonição. É evolução. Isso mesmo, EVOLUIR, porque não?

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